Avançar até altas horas nas atividades diárias, período de sono encurtado, menos horas de descanso e cidades que funcionam dia e noite sem parar. Essa é a realidade de uma sociedade 24h. O trabalho noturno afeta a saúde física e mental dos indivíduos e suas consequências podem ser sentidas pela sociedade toda. Sem contar desastres relacionados à privação de sono.
Dormir é uma necessidade do organismo e as noções de dia e noite são resultados de um longo processo de adaptação de nossa espécie ao ciclo ambiental do planeta Terra. A inversão dos horários de atividade e de repouso que o trabalho noturno impõe nunca é bem-sucedida do ponto de vista fisiológico e está relacionada a uma ampla gama de problemas de saúde: transtornos digestivos, cardiovasculares, reprodutivos, além dos mais óbvios, que são os distúrbios de sono.
Estudos mostram que além de a duração do sono dos trabalhadores noturnos ser menor, sua qualidade é pior. De forma geral, eles sofrem de privação crônica e as consequências são déficit cognitivo e motor, alterações de humor que podem levar a depressão, fadiga crônica, baixos níveis de alerta e aumento do risco de acidentes. Além disso, o desencontro de horários tende a restringir as oportunidades de interação social.
Mas como lidar com essa inversão e buscar mais qualidade de vida? Soluções como aumentar o número de folgas, regulamentar a aposentadoria precoce ou a transferência para turnos diurnos, por exemplo, são algumas formas de amenizar os problemas. A cada sequência de jornadas noturnas, são necessários ao menos dois dias de folga, já que as primeiras 24 horas após a última noite de trabalho geralmente são usadas para o descanso em vez do lazer. Outra tendência crescente nas empresas é a adoção de esquemas mais flexíveis, com jornadas diárias de duração variável, horários personalizados, alternância entre meio-período e período integral e transferência temporária para o turno diurno.
O importante é que mesmo que nossa sociedade seja 24h, nós possamos nos organizar a ter a qualidade do sono entre as prioridades da vida, caso contrário, as consequências para nossa saúde podem ser catastróficas.