Apesar de ser uma situação inusitada, o medo de agulhas é uma situação que pode ocorrer com qualquer pessoa. Quem gosta de injeção? Acho que ninguém! Mas, para algumas pessoas, essa situação se torna uma verdadeira fobia que é denominada atualmente de fobia específica do tipo de sangue-injeção-ferimento1.
A fobia específica do tipo de sangue-injeção-ferimento, como o próprio nome já diz, é um medo ou ansiedade acentuada acerca de agulhas, procedimentos médicos invasivos, medo de sangue, de injeções, transfusões e outros cuidados médicos invasivos ou ainda medo relacionado a ferimentos1.
Quais são os principais sintomas da fobia de agulhas?
De acordo com um estudo recente, a prevalência dessa fobia na população entre 20 e 40 anos é de aproximadamente 20% a 30%2. Níveis elevados de ansiedade e medo podem levar à recusa de procedimentos, interferir na capacidade dos profissionais de saúde de realizar intervenções (como desmaios, movimentos bruscos, tentativas de escapar) ou prejudicar a eficácia das abordagens tradicionais para o alívio da dor3,4. Indivíduos com alto medo de agulhas, especialmente aqueles com condições crônicas que requerem injeções frequentes, como diabetes e anemia perniciosa, constituem um grupo particularmente vulnerável que necessita de estratégias para otimizar a adesão ao tratamento médico e evitar efeitos negativos para a saúde1.Quando o procedimento médico é inevitável, a pessoa com fobia específica do tipo de sangue-injeção-ferimento pode apresentar uma série de comportamentos que incluem1:
- Apresentar ansiedade e sentimentos acentuados sobre procedimentos que envolvam injeção, sangue ou ferimento;
- As situações que envolvem sangue, injeção ou ainda ferimento causam rapidamente medo ou ansiedade;
- Tomar injeção ou outros procedimentos médicos invasivos são ativamente evitados ou enfrentados com grande sofrimento;
- O medo é maior do que o perigo real da situação;
- Apresentar os sintomas por mais que seis meses;
Causar sofrimento ou prejuízo no tratamento da doença que necessita de medicação injetável frequente
Quais os fatores de risco para essa fobia?
Os profissionais de saúde não têm certeza da causa exata da fobia específica do tipo de sangue-injeção-ferimento. Acredita-se que, ao vivenciar ou presenciar um evento traumático no qual um objeto cortante esteve envolvido, como um acidente, pode contribuir para que uma pessoa desenvolva essa fobia. Além disso, pessoas que já apresentaram ou estejam enfrentando transtornos de ansiedade possuem risco aumentado para desenvolver algum tipo de fobia, como, por exemplo, medo de agulhas1.
Como tratar a fobia do tipo sangue-injeção-ferimento?
Conforme mencionado no início deste texto, ninguém gosta de injeção, mas as pessoas com fobia do tipo sangue-injeção-ferimento têm um medo intenso de objetos pontiagudos.
Mas a boa notícia é que essa é uma condição tratável ou contornável em determinadas situações. No que se refere ao tratamento, a psicoterapia assume um papel muito importante pois promove a dessensibilização sistemática, modelagem, técnicas de relaxamento e educação, ensinando estratégias relacionadas a terapia cognitivo comportamental e até mesmo intervenções familiares3,5. Em alguns casos, o indivíduo pode precisar de medicamentos que aliviem temporariamente os sintomas de medo e ansiedade ao mesmo tempo em que realiza sessões de psicoterapia3.
Por fim, modificações terapêuticas também podem ajudar a lidar com situações estressantes relacionadas às picadas6. Por essa razão, medicamentos que são administrados de modo diferente da via injetável estão no mercado a fim de dar conforto, ser eficaz e agir rapidamente para auxiliar o paciente. São exemplos anti-inflamatórios, medicamentos para náusea e vitaminas que podem ser usados de forma sublingual, o que é uma ótima opção para pessoas com medo de agulhas ou para aqueles com doenças crônicas que precisam de tratamentos frequentes. Se você se encaixa nesses casos, converse com seu médico sobre a disponibilidade de tratamentos não injetáveis se aplicável ao seu caso!
Referências bibliográficas:
- American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. 5a. Porto Alegre: Artmed; 2014.
- McLenon J, Rogers MAM. The fear of needles: A systematic review and meta-analysis. J Adv Nurs. 2019 Jan;75(1):30-42.
- McMurtry CM, Noel M, Taddio A, Antony MM, Asmundson GJG, Riddell RP, et al. Interventions for individuals with high levels of needle fear: Systematic review of randomized controlled trials and quasi-randomized controlled trials. Clinical Journal of Pain. 2015 Oct 1;31(10):S109–23.
- Abado E, Aue T, Okon-Singer H. Cognitive Biases in Blood-Injection-Injury Phobia: A Review. Front Psychiatry. 2021 Jul 13;12.
- Yim L. Belonephobia–a fear of needles. Aust Fam Physician. 2006 Aug;35(8):623–4.
- Duncanson E, Le Leu RK, Shanahan L, Macauley L, Bennett PN, Weichula R, et al. The prevalence and evidence-based management of needle fear in adults with chronic disease: A scoping review. PLoS One. 2021 Jun 10;16(6):e0253048.