As dores nas articulações costumam ser mais comuns com o avançar da idade, principalmente pelo acometimento de doenças típicas dos idosos. Porém, qualquer pessoa pode sofrer desse problema, principalmente entre 30 e 50 anos. Com a pandemia da Covid-19, que intensificou o sedentarismo, home office e estresse, as dores nas articulações se tornaram ainda mais comuns.
Prova dessa intensificação foi o aumento na procura por analgésicos isentos de prescrição, especialmente em março de 2020, e pomadas e emplastros em maio, de acordo com o relatório da IQVIA. Normalmente, esses incômodos estão mais presentes nas articulações móveis, como joelhos, tornozelo, punho, ombro, anca e articulação dos dedos.
Por maior ou menor intensidade que as dores nas articulações ocorram, elas servem como sinais de que algo está errado com o corpo, o que pode representar uma doença crônica e inúmeros outros problemas de saúde. Seja como for, o tratamento precoce é sempre a melhor recomendação para lidar com as dores nas articulações.
Pensando nisso, preparamos este post com as principais informações a respeito do assunto. Assim, você descobrirá as maiores causas das dores nas articulações, sintomas mais recorrentes, métodos de prevenção e tratamento e muito mais. Confira!
1. O que são dores nas articulações?
As dores nas articulações também são conhecidas popularmente como dor nas juntas. De qualquer maneira, elas referem-se ao mesmo problema: um incômodo na região que une um ou mais ossos, que são constituídos por cartilagem, tecido fibroso, bolsa articular e líquido sinovial.
Existem aproximadamente 230 articulações. Cada uma delas exerce funções essenciais para a realização das nossas atividades corriqueiras, já que possibilitam a sustentação e movimentação do corpo. Cada parte integrante das articulações tem sua atuação. Por exemplo:
- a cartilagem atua como uma amortecedora ao evitar o atrito entre os ossos;
- líquido sinovial age como um lubrificante para que a engrenagem das articulações funcione;
- cápsula articular tem função protetora e de revestimento da estrutura.
Para entender melhor como as dores nas articulações ocorrem, pense nas dobradiças de uma porta. À medida que o tempo passa, ou até mesmo a falta de lubrificação adequada, seus movimentos perdem a amplitude e elas se tornam mais duras. Da mesma maneira, o tempo e a falta de cuidados adequados com as nossas articulações influenciam o aparecimento de dores, das leves às mais graves.
Infelizmente, trata-se de um problema de saúde mais recorrente do que gostaríamos. De acordo com dados do IBGE, em parceria com a Sociedade Brasileira do Estudo da Dor, 42% dos brasileiros relatam sofrer de algum tipo de dor e 38% afirmam que esses incômodos são crônicos. Como consequência, a realização de atividades simples do dia a dia, como andar, levantar, comer etc., são prejudicadas e precisam de um esforço extra.
2. Em quais partes do corpo são mais comuns?
Conforme mencionado, existem áreas do corpo que exigem uma maior flexibilidade e movimentação entre os segmentos. São as chamadas articulações móveis, que envolvem joelho, anca, ombros, punhos, tensão no pescoço e articulações dos dedos.
2.1. Pescoço
A tensão no pescoço tem sido ainda mais comum durante a pandemia, já que o tempo sentado diante do computador foi intensificado para muitos que trabalham home office ou estudam EAD. Isso porque a posição gera uma sobrecarga no peso da cabeça, que é mantido pelo pescoço.
2.2. Dores nos dedos e mão
Especialmente quem tem o hábito de passar muito tempo usando o computador, celular ou tablet, também pode ter dores nos dedos e nas mãos de forma mais recorrente. Isso porque os movimentos repetidos que o hábito exige influenciam a inflamação das articulações da região.
2.3. Ombros
As dores nos ombros também são intensificadas na prática do home office, especialmente de acordo com o posicionamento adotado nas mesas e cadeiras. Isso leva a um esforço extra da região, gerando inflamações e dores.
2.4. Joelhos
As dores nos joelhos costumam ter associação com o excesso de exercícios físicos ou com a sua prática incorreta, o que sobrecarrega a região que é responsável pela sustentação do corpo. Assim, de qualquer forma, com ou sem exercícios, trata-se de uma zona sensível e mais suscetível a dores.
2.5. Punhos
As dores nos punhos costumam ser associadas a lesões por movimentos repetitivos, como trabalho com digitação, escrita, corte de cabelo e prática recorrente de exercícios físicos, como o tênis. Além disso, pessoas com excesso de peso e diabéticos também são mais propensas a passarem por esse incômodo.
2.6. Ancas
A dor na anca, que corresponde à região do quadril, pode ser intensificada com a prática de exercícios físicos, principalmente no caso de atletas. E ainda, mulheres grávidas e pessoas com mais de 60 anos também têm uma maior propensão ao problema, o que é intensificado com a má postura e negligência no tratamento.
3. Como se diferenciam de outras dores?
Conforme mostram as pesquisas citadas, a procura por analgésicos sem prescrição médica, que foi intensificada durante a pandemia, deixa claro que se trata de problemas recorrentes na sociedade. O que nem sempre é fácil, é diferenciar as dores nas articulações de outros incômodos, como as dores musculares.
Quanto a isso, primeiramente é preciso deixar claro que nenhuma delas se referem a problemas triviais. As dores nas articulações prejudicam a movimentação do corpo e, consequentemente, atrapalham a qualidade de vida, e com as dores musculares não poderia ser diferente.
3.1. Dores musculares
Na dor muscular, o incômodo é sentido de acordo com a realização dos movimentos, o que pode ocorrer a partir de uma lesão ocasionada pela prática de exercícios físicos ou até mesmo pelo estresse e tensões no corpo.
Quer dizer, nesses casos, o hormônio produzido é o cortisol, que é naturalmente liberado na corrente sanguínea pelo organismo, o que torna os músculos tensos e mais sensíveis a dores. Além disso, a prática de exercícios físicos pode causar dores musculares de forma tardia, devido a inflamações na musculatura, ocasionadas por pequenos traumas ou pelo acúmulo de ácido lático no músculo, que cria fadiga muscular.
3.2. Dores nas articulações
As dores articulares podem limitar o movimento do corpo, dependendo do grau de intensidade, já que gera uma sensação de queimar com ou sem movimento, o que leva à impotência funcional. E ainda, como se tratam de áreas que precisamos movimentá-las com frequência, é comum o aparecimento desses incômodos.
De qualquer forma, se a dor for causada no músculo ou nas articulações, é possível que o quadro piore, o que exige cuidados e a busca por um tratamento especializado para evitar que a condição se agrave.
4. Quais as causas das dores articulares?
Como dito, existem inúmeras causas que podem se associar às dores nas articulações, sejam lesões, doenças, hábitos comportamentais ou predisposição. Conheça as mais comuns a seguir.
4.1. Artrite
Artrite é uma doença crônica, caracterizada por uma deficiência do próprio sistema imunológico. Ela ataca partes saudáveis do corpo e leva a inflamações ou dores nas articulações, o que tende a piorar com a idade, especialmente para quem negligencia o tratamento. As áreas mais comuns a serem afetadas pela artrite são joelhos, mãos, pés e pulsos, embora qualquer parte do corpo possa sofrer com esse problema.
Normalmente, a artrite surge com mais frequência em indivíduos com excesso de peso, já que ocorre uma sobrecarga nas articulações que sustentam o corpo. Mas além disso, a doença pode ser ocasionada pelo desgaste e dor nas articulações por traumatismos, o que traz sintomas como dores e dificuldades para realização de movimentos, além de febre e fraqueza.
As dores podem ser constantes, à medida que os movimentos são realizados, ou ter períodos de crises. Como dito, trata-se de uma doença sem cura, mas com o tratamento adequado e seguido à risca é possível controlar os sintomas. Da mesma maneira, a negligência com os cuidados pode ocasionar uma piora no quadro, o que interfere na qualidade de vida.
4.2. Tendinite
A tendinite descreve a inflamação no tendão, que é a estrutura responsável por unir o músculo ao osso. Desse modo, a inflamação causa dores e dificulta a movimentação do membro, normalmente associado ao tornozelo, punho, joelho, cotovelo e ombro, mas pode surgir em qualquer outro. Além da inflamação, pode ocorrer vermelhidão no local e inchaço.
Normalmente, a causa principal da tendinite se associa com a repetição de movimentos, que pode ocorrer no trabalho, como profissionais que passam muito tempo digitando e podem apresentar o problema na região do pulso, quem atua com cortes ou inúmeros outros tratamentos capilares, colaboradores que peguem peso com frequência etc.
Seja como for, a ideia geral sobre esse problema é que houve uma sobrecarga na região, o que resultou na inflamação. Assim, as razões mais comuns por trás disso são:
- o estresse que libera hormônios na corrente sanguínea que aumentam a tensão muscular do corpo;
- exercícios repetitivos;
- falta de alongamento antes ou após a realização de atividades físicas;
- doenças autoimunes, que prejudicam as defesas do corpo;
- idade avançada;
- postura inadequada.
4.3. Bursite
A bursite refere-se à inflamação do tecido localizado na parte interna da articulação do ombro: a bursa sinovial. Essa inflamação enfraquece a região do braço com sensação de formigamento e prejudica a realização de movimentos. Por também se tratar de um processo inflamatório, o problema é muitas vezes confundido com a tendinite.
Entretanto, enquanto a tendinite corresponde à inflamação no tendão, a bursite inflama a bursa, que é uma região preenchida por líquido e que protege os tecidos ao redor das articulações corporais. Ao todo, existem 70 bursas distribuídas pelo organismo. Normalmente, as regiões mais acometidas pelo problema são quadril, joelhos, ombros e cotovelos.
Para que fique ainda mais claro, podemos dizer que a bursite é uma inflamação secundária: primeiro ocorre a lesão do tendão que a bursa protege, recebendo o nome de tendinite. Feito isso, o processo passa a se chamar bursite, que tem como principais causas o envelhecimento natural do corpo e a repetição de movimentos.
4.4. Gota
A gota tem como principais sintomas o inchaço nas articulações, especialmente no dedão do pé, o que ocorre a partir de uma inflamação causada pela sobrecarga de ácido úrico no sangue, que deveria ser eliminado pelos rins. Quando essa substância se encontra em quantidades elevadas no organismo, se acumula nas articulações e ocasiona fortes dores, inchaço e vermelhidão local.
A produção excessiva do ácido em questão e a incapacidade de eliminação pelos rins tem como principais causas a obesidade, diabetes, colesterol alto e hipertensão. Além do mais, o abuso de medicamentos com ácido acetilsalicílico e diurético também tem influência no aparecimento da gota.
Além do dedão do pé, a inflamação ocasionada pela doença pode se expandir para o tornozelo, joelho e subir para atingir mãos, punho e cotovelo. Frequência, duração e intensidade do problema dependem do estado de saúde de cada um, além da realização precoce e cuidadosa do tratamento que reduza as dores e inchaços.
Além disso, pessoas com predisposição à gota devem redobrar a atenção com a alimentação para evitar itens que podem aumentar a formação do ácido úrico, como embutidos, frutos do mar, grãos de bico, carnes, peixes e feijão.
4.5. Fadiga crônica
De acordo com o estilo de vida do indivíduo, é possível que o corpo seja sobrecarregado a ponto de ocorrer uma fadiga crônica, sem nenhuma relação com condições médicas, que ocorre por um cansaço constante e extremo. Tal quadro é intensificado com a prática de atividades físicas e/ou mentais de forma intensa.
Essa doença oferece mais riscos de aparecimento de dores nas articulações quando combinada com problemas no sistema imunológico, infecções virais e desequilíbrio hormonal.
Assim, quando o corpo não descansa e nem repõe as energias perdidas de forma suficiente e adequada para a manutenção da saúde, com o tempo, é natural que ele se sinta enfraquecido e mais propenso ao desenvolvimento de doenças e dores. Nesse sentido, além dos incômodos nas articulações, a fadiga crônica também pode ocasionar:
- dores musculares;
- dores de cabeça;
- sono recorrente;
- exaustão extrema;
- perda da memória e concentração;
- aumento dos gânglios linfáticos, o que indica infecção ou inflamação na região;
- etc.
4.6. Luxação
A luxação ocorre quando o corpo sofre um impacto que gera problemas nos ossos e articulações, causados pelo deslocamento ósseo, o que resulta na perda de contato articular, que é a separação de dois ossos ligados pela cartilagem. A luxação consiste em um quadro grave de problema articular, podendo ser até pior que fraturas ósseas, podendo atingir qualquer articulação do corpo: joelho, dedo, cotovelo, ombro etc.
As razões que causam o problema mencionado são inúmeras. Com isso, há classificação de diferentes tipos de luxação, como as que citamos a seguir:
- luxações traumáticas ou atraumáticas: o corpo passou por algum trauma que levou ao deslocamento anatômico da articulação;
- luxação recorrente: ocorre repetidas vezes na mesma articulação, que pode ser incentivada por um trauma ou predisposição;
- luxação primária: como o próprio nome sugere, é o primeiro fenômeno que leva ao deslocamento da articulação;
- luxação congênita: devido a malformações anatômicas, bebês e recém-nascidos podem sofrer de luxação, podendo ter associação com problemas genéticos;
- luxação adquirida: pode ocorrer por traumas não associados à formação articular intrauterina.
4.7. Infecção
Infecções também podem ser associadas a dores nas articulações. Umas das mais conhecidas delas são as virais causadas pelo vírus da dengue: chikungunya e zika. Elas têm como principais sintomas a inflamação de várias articulações do corpo, especialmente pés e mãos, muito semelhantes ao quadro de artrite reumatoide.
De acordo com a intensidade da doença e da inflamação, o movimento das articulações pode ficar seriamente limitado. Além das regiões citadas, pulsos, dedos, tornozelos, joelhos e outras articulações também podem sofrer com o problema.
Outra infecção viral associada a dores nas articulações é a Covid-19 prolongada, que afeta pacientes por semanas ou meses. Apesar dos estudos desse tipo de incômodo ainda serem recentes, existem muitos relatos de pacientes que foram diagnosticados com a doença e entre outros sintomas. Eles relataram fortes dores nas articulações, principalmente calcanhares, panturrilha e mãos.
5. Quais são os sintomas das dores nas articulações?
As dores nas articulações podem ser leves, moderadas, fortes ou agudas. Tudo varia de acordo com o tratamento realizado pelo paciente, a causa do problema, hábitos do indivíduo etc. Além disso, a duração dos incômodos também tem tempo variado, podendo ir embora em uma semana, meses ou se tornar uma doença crônica, o que costuma ocorrer com quem ignora os tratamentos e cuidados.
Para reconhecer o quadro e diferenciá-lo de outras doenças é fácil. As dores nas articulações ocorrem sempre ao tentar realizar movimentos corporais, diferentemente das musculares, que doem independentemente da movimentação. Assim, sempre que houver dificuldade para mover alguma articulação do corpo, é sinal de que pode existir um problema na região.
Em casos mais graves, o indivíduo pode sofrer com inflamações, dor difusa, dureza, rigidez e sensação de queimação. Os sintomas citados tendem a se tornar ainda mais fortes a cada tentativa de movimentação das articulações corporais atingidas.
Em geral, as articulações do corpo que mais sofrem com esse tipo de problema são joelhos, dedos, cotovelos e mãos. Afinal de contas, tais regiões são as mais móveis, sustentam o corpo e/ou recebem alta carga de tensão para realizarem os movimentos, o que aumenta a pressão.
6. Quais os tratamentos recomendados?
Ao longo do artigo você pôde perceber que a principal medida para conter as dores articulares é seguir com o tratamento correto, independentemente da intensidade do problema. Isso porque, com o tempo e a permanência de hábitos negativos, o incômodo deve se intensificar e trazer inúmeros malefícios à qualidade de vida. Assim, acompanhe as principais recomendações de tratamento!
6.1. Procure um especialista
Conforme mencionado, as dores podem passar de simples a graves com o tempo. Isso faz com que haja o acompanhamento de um reumatologista para detectar a causa e definir as medidas mais adequadas de tratamento.
6.2. Use o medicamento prescrito pelo médico
Apenas o especialista pode indicar o medicamento adequado para recuperação das dores nas articulações. Assim, é importante seguir à risca as recomendações e tomar o remédio de acordo com as dosagens e tempo indicados.
6.3. Mantenha uma alimentação saudável
Existem alimentos que aumentam o risco para o surgimento de doenças que podem ter relação com as dores articulares, como o caso da gota. Da mesma maneira, existem aqueles com propriedades anti-inflamatórias e que melhoram a imunidade, como os alimentos ricos em cobre.
6.4. Mude seus hábitos
Fazer exercícios em excesso, movimentos repetitivos, dispensar o alongamento, passar muito tempo sentado etc. consiste em hábitos que incentivam o surgimento de dores na articulação. Ter um estilo de vida mais saudável ajuda a controlar esses futuros problemas.
7. Como prevenir as dores nas articulações?
Alguns cuidados diários podem ser introduzidos na rotina para afastar as chances do indivíduo ter problemas com dores nas articulações. Veja!
7.1. Controle o sobrepeso
Como dito, o excesso de peso sobrecarrega as articulações e aumenta as chances de desenvolvimento de problemas nas regiões. Do mesmo modo, praticar exercícios físicos que fortalecem as articulações afasta os riscos desse tipo de incômodo.
7.2. Adeque sua postura
Sentar com as costas retas e alinhadas na cadeira, apoiar os braços no encosto e manter a planta dos pés com apoio no piso fazem parte das medidas que ajudam a evitar dores nas articulações, principalmente para quem passa muito tempo sentado.
7.3. Faça exercícios físicos com as pernas e braços
Introduzir os exercícios físicos na rotina ajuda a manter as articulações saudáveis e a aumentar a mobilidade, já que evita o excesso de peso que causa sobrecarga e as tornam mais fortes para realização dos movimentos diários
Portanto, ao ser acometido por dores nas articulações, não pense duas vezes: procure um especialista para indicar o melhor tratamento e evitar que a situação se agrave. Além disso, introduza hábitos saudáveis no seu dia a dia para ter uma melhor qualidade de vida e afastar esse e outros problemas de saúde.
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