Quando a gente fala sobre as principais causas do estresse, é possível que cada pessoa pense nas suas. Isso inclui problemas familiares, financeiros, profissionais, amorosos e muito mais. Se identificou com a situação? Você não está só nesse barco.
Segundo uma pesquisa da Associação Internacional de Gerenciamento de Estresse Brasil (Isma-BR), 70% da população brasileira sofre desse problema. Um dos motivos para o maior nível de estresse pode ter sido os impactos da pandemia da covid-19.
Contudo, esse problema já era recorrente na sociedade brasileira. E, ainda, mesmo que a pandemia tenha perdido força com o avanço da vacinação, os sintomas de estresse tendem a continuar. Isso porque a crise sanitária intensificou outros problemas, como a desigualdade social e os índices de transtornos psicológicos.
Ou seja, a maioria das pessoas são ou conhecem alguém que lida com estresse frequente. Por mais comum que essa condição seja, ela pode trazer inúmeras consequências se não for controlada. A seguir, saiba mais sobre o assunto!
O que é estresse?
O estresse é uma resposta natural do organismo aos estímulos do ambiente ao nosso redor. Isso pode ser desde a desconfiança de um ataque físico até a leitura de uma mensagem incômoda. Diante de situações assim, o corpo entende que precisa ficar alerta para fugir ou reagir de alguma outra forma.
Por exemplo, durante o sono, o corpo fica em estado de relaxamento e as preocupações com estímulos diminuem. Porém, imagine que você precisou acordar para ir ao banheiro e viu uma mensagem do seu chefe sobre precisar conversar no dia seguinte.
É comum que esse aviso cause preocupações e que passem inúmeras possibilidades pela sua cabeça: demissão, promoção, reclamação sobre um trabalho feito, diminuição do salário, falência da empresa etc.
Pensar nisso e na formulação de soluções para cada um dos quadros é como o corpo se defende. Afinal, é necessário se preparar para lidar com imprevistos, certo? O problema é quando situações estressantes passam a ser frequentes. Isso exige ainda mais alerta do organismo, a ponto de ele ter dificuldade para parar.
Como funciona o estresse no organismo?
Para entender melhor o que é estresse, saiba que o corpo libera adrenalina, noradrenalina e cortisol diante de situações estressantes. Esses hormônios são responsáveis por ajudar nas reações de alerta descritas. Inclusive, um deles, a adrenalina, é usado como medicamento em casos de urgência médica para estimular reações do corpo.
A produção frequente desses hormônios desequilibra a de outros associados à felicidade e ao bem-estar. É o caso da endorfina, da serotonina e da ocitocina. Ou seja, você passa a ter dificuldade de relaxar e de controlar o estresse, mesmo que ele ocorra por situações corriqueiras.
É possível ter uma maior compreensão com o exemplo a seguir. Se apaixonar por alguém costuma trazer uma sensação de relaxamento e prazer. Assim, você consegue focar o presente e ter visões mais otimistas sobre a vida. Isso ocorre graças aos hormônios citados.
Por outro lado, se a paixão começa a ir embora, é comum que essas sensações sejam controladas e até substituídas por outras. Então, a produção de cortisol, adrenalina, noradrenalina pode ser elevada.
Desse modo, o estresse se manifesta e a sua mente fica em estado de alerta. É aí que pode haver desconfianças, medo do término, medo de decepções, medo de a relação esfriar etc. Normal, não é mesmo? O problema é quando o estresse não é momentâneo e se torna crônico.
Quais são os sintomas do estresse?
Como visto, o quadro pode se tornar crônico diante de exposições frequentes a situações estressantes. Isso é refletido em sintomas físicos ou psicológicos. Conheça agora os mais comuns.
Acne
Engana-se quem pensa que a acne atinge apenas adolescentes e que as únicas razões para essa doença de pele se manifestar são os hormônios da idade. Segundo um estudo publicado na revista Psic, o estresse também pode ser gatilho para o surgimento de cravos e espinhas em jovens e adultos.
Uma das explicações para a manifestação do estresse é que esse sentimento afeta o sistema imunológico. Afinal, o corpo é sobrecarregado pela tensão e desequilibra. Diante disso, é mais difícil combater bactérias que causam acne.
Dor de cabeça
A dor de cabeça é um dos sintomas mais comuns de quem passa por situações estressantes. Isto é, manter o organismo em estado de alerta e pensativo sobre diversos problemas e soluções deixa o corpo agitado. Assim, a mente fica cansada e pode responder em forma de dores de cabeça.
Alteração da memória
Como explicamos, durante o estresse, o corpo fica em alerta para reagir rapidamente aos estímulos. Entretanto, se essa reação for muito intensa e frequente, pode gerar sobrecarga e trazer problemas de memória. Afinal, a dificuldade de relaxar para descansar atrapalha a concentração e, consequentemente, a memorização.
Queda de cabelo
A queda de cabelo relacionada ao estresse é sinal de que ele já se tornou um problema crônico. A explicação para essa relação é que o estresse também eleva a produção de estriol. Essa substância dificulta a entrada de nutrientes na região capilar e atrapalha a fase de crescimento dos fios. Logo, eles se tornam fracos e quebradiços.
Diminuição da libido
É comum que, especialmente em casos de estresse crônico, ocorra uma diminuição da libido. O motivo é que a elevação de hormônios associados ao estresse, como o cortisol, inibe os estímulos sexuais, relacionados à libido.
Quais são os tipos de estresse?
Após conhecer alguns dos sintomas mais comuns do estresse, é possível que você se questione qual o estágio do seu. Essa resposta só pode ser confirmada com auxílio médico. Todavia, existem sinais que ajudam a responder à pergunta. Acompanhe!
Estresse cotidiano
Trata-se do estresse relacionado a estímulos externos recebidos durante a rotina. Isso inclui trabalho, família, insônia, autoestima e até questões de saúde. Nesses casos, para controlar o problema, é preciso identificar os gatilhos e tentar tirá-los da sua vida.
Estresse crítico
Esse tipo não é tão comum, já que surge em situações de mudanças e acontecimentos muito intensos. Como exemplos, temos gravidez, morte de entes queridos, acidentes, separação, novo trabalho etc. Situações como essas exigem um alto nível de alerta do organismo, o que causa estresse.
Estresse traumático
O estresse traumático se manifesta especialmente quando os acontecimentos ocorridos no tipo anterior não foram solucionados ou superados. Afinal, muitos deles exigem uma capacidade ainda maior de adaptação e resiliência, o que provoca choques emocionais.
Estresse crônico
Você já entendeu que o estresse crônico surge quando as tensões emocionais são frequentes, certo? Então, é natural que o corpo fique em constante estado de alerta e precise até de medicamentos para conseguir relaxar. As situações mais associadas com ele são doenças também crônicas, que exigem atenção contínua.
Quais são as fases do estresse?
Você percebe que tem algum dos sintomas que acabamos de descrever? Também é importante ficar de olho nas fases do estresse para saber quando procurar ajuda médica para evitar maiores consequências. Assim, acompanhe!
Fase aguda
Os primeiros sinais do estresse são iniciados, uma vez que o organismo já ligou o alerta para algum eventual estímulo que surgiu. Então, os hormônios e o cérebro passam a sofrer algumas lentas mudanças, como dores de cabeça, sudorese ou cansaço.
Fase de resistência
Após um período, o corpo continua em alerta para as situações, mesmo que elas sejam triviais e de aparente fácil solução. Então, os sintomas do estresse passam a ser também emocionais. Os principais exemplos são dificuldade de concentração e de memorização, instabilidade emocional e até a possibilidade de desenvolver um quadro depressivo.
Fase de exaustão
O prolongamento da fase de resistência leva à fase de exaustão. Nesse caso, as consequências do estresse sobrecarregam o corpo a ponto de a pessoa correr mais riscos de desenvolver doenças físicas e psíquicas. Entre elas, a síndrome do pânico e o burnout.
Quais são as causas do estresse?
O primeiro passo para combater o estresse é descobrir as causas associadas ao problema. Foi pensando nisso que fizemos uma lista com os fatores mais comuns por trás do surgimento dessa condição. Continue a leitura e confira!
Pressão do trabalho
O trabalho é um dos principais gatilhos para o estresse. Não é à toa que existem doenças consideradas laborais que se associam ao quadro, como a já citada síndrome de burnout. Esse distúrbio surge quando o indivíduo passa por um alto nível de exaustão ao realizar suas atividades profissionais.
Uma das razões para o estresse no trabalho é a sobrecarga de tarefas, pois demanda um maior nível de concentração para garantir que o resultado seja entregue com a qualidade solicitada. Nesse sentido, o corpo precisa produzir hormônios associados ao estresse para que o corpo não relaxe e se mantenha alerta.
A sobrecarga no trabalho pode ser ainda pior quando o profissional não tem alternativa além de aceitar a proposta, por medo de ser demitido. Portanto, muitas vezes, ele prefere se sobrecarregar profissionalmente a engrossar as estatísticas de desemprego.
Além disso, o sentimento estressante de trabalhar mais do que a sua capacidade tende a se intensificar quando a remuneração é incompatível. Isto é, fica difícil relaxar ao ter consciência de que seus superiores não valorizam devidamente o esforço que você faz.
Problemas financeiros
Os problemas no trabalho estão muito relacionados com o financeiro, pois, como dissemos, o desgaste e a sobrecarga de função podem não ser compatíveis com a remuneração. Os incômodos relacionados a esses fatores se intensificam se o aumento no preço de produtos e serviços não acompanhar o salário.
Seja qual for a sua atividade, o dinheiro que você recebe é destinado aos cuidados e investimentos em saúde, cultura, moradia, educação, lazer e muito mais. Então, quando ele se torna insuficiente, a qualidade de vida é prejudicada, o que costuma refletir na maior frustração.
Para entender o sentimento, basta pensar no crescimento dos preços dos alimentos entre 2020 e 2022. Muitos, inclusive, sobem quase semanalmente. E já vimos esse filme entre o final da década de 80 e o começo dos anos 90, quando o Brasil passou por um período de hiperinflação.
Os preços subiam diariamente, o que levou à desvalorização do dinheiro. Logo, muitas pessoas passaram a lidar com o estresse crônico, devido ao medo constante de não ter dinheiro para se manter.
Outra situação semelhante ocorreu no governo Collor, nos anos 90, com o congelamento das poupanças. Na época, 80% do dinheiro depositado na poupança das pessoas foi congelado por 18 meses. Esse confisco trouxe problemas financeiros para boa parte da população, o que naturalmente também elevou os níveis de estresse.
Trânsito
A qualidade do trânsito brasileiro é outro problema que pode causar estresse nas pessoas. Isso ficou claro com uma pesquisa do Ipea. Nela, 43,5% dos motoristas afirmam lidar com congestionamentos diários, problema que atrasa os compromissos profissionais e pessoais.
Então, é natural que a mente se preocupe e se frustre com essa realidade, principalmente se for tão frequente. Para entender mais, a Summit Mobilidade divulgou um estudo em que foi calculado o tempo médio que o brasileiro perde no trânsito: 32 dias por ano. E, ainda, o tempo de deslocamento em grandes cidades pode ser de até 127 minutos no dia.
Uma razão recorrente para essa realidade envolve a fragilidade da mobilidade urbana. Assim, qualquer imprevisto que surja no trânsito pode causar caos e comprometer a circulação de pessoas. Resultado? Prejuízos para a saúde física e mental.
Soma-se a esse problema o pouco incentivo ao uso de transportes alternativos, como bicicleta. Algumas cidades até contam com ciclovias. Contudo, de forma geral, ainda é preciso avançar muito na estruturação desses espaços e no respeito com ciclistas.
Por exemplo, o número de acidentes com esse grupo cresceu 30% em 2021, segundo a Abramet. Ou seja, muitas vezes, quem opta por alternativas mais rápidas e sustentáveis para evitar engarrafamentos também tende a lidar com o estresse. Isso porque existe uma tensão com a possibilidade de acidentes no trânsito.
Redes sociais
Não é incomum encontrar pessoas cuja primeira atividade após acordar é mexer no celular e verificar as redes sociais. Essa foi, inclusive, a melhor maneira de continuar em contato com os ciclos sociais durante a pandemia. E em uma rotina corrida, essa ainda é a alternativa mais efetiva para muitas pessoas, certo?
O problema é quando o uso se torna exagerado a ponto de gerar um vício. Ou seja, a ideia de precisar ficar longe das redes sociais causa tensão ou até mesmo FOMO (fear of missing out). Já ouviu falar? Trata-se de uma patologia psicológica em que a pessoa sente estresse e medo diante da possibilidade de ficar longe das evoluções tecnológicas.
A situação pode ser ainda mais grave devido aos conteúdos muitas vezes compartilhados nas redes sociais. É o caso de polarização em opiniões políticas, ameaça de morte a famosos após traição, discussões intensas sobre reality shows etc.
Isto é, ficar sempre por dentro do constante fluxo de informações, muitas vezes negativas, pode gerar estresse. É possível entender se o mesmo ocorre com você com alguns questionamentos:
- Você já sentiu certa pressão para opinar sobre os assuntos comentados?
- Já se sentiu por fora ao não ter uma visão sobre a pauta do momento?
- Costuma se comparar com outras pessoas nas redes sociais?
Se a resposta for positiva para ao menos uma das perguntas acima, talvez você deva evitar o uso frequente desses canais de interação para o bem da sua saúde mental.
Por que é importante tratar o estresse?
Embora o estresse possa ser comum na vida das pessoas, esse não é motivo para normalizar o problema e não se importar de atingir um estado de exaustão frequente.
Para entender a importância de controlar o estresse, pense no uso da adrenalina como medicamento para ajudar pacientes. A liberação desse hormônio associado ao estresse eleva a pressão sanguínea, estimula os batimentos cardíacos, acelera a frequência respiratória etc.
Tudo isso possibilita que pacientes em estados graves sobrevivam. É o caso de quem sofreu parada cardiorrespiratória. Contudo, a administração da adrenalina só funciona com supervisão médica, em casos específicos e na dosagem adequada.
Caso contrário, há riscos de hemorragia cerebral, edema pulmonar, arritmias cardíacas etc. Lidar frequentemente ou em momentos específicos com altos níveis de estresse não provoca, a curto prazo, os problemas citados. Porém, sem tratamento, pode gerar consequências.
Quais consequências o estresse traz para sua vida?
Tratar o estresse significa evitar que o problema se torne frequente e se intensifique. Por outro lado, negligenciar essa condição tende a trazer diversos riscos para a saúde física e mental. Saiba mais sobre eles a seguir!
Hipertensão
A hipertensão, também chamada de pressão alta, é uma doença que ataca os vasos sanguíneos. Assim, indivíduos hipertensos ficam mais suscetíveis a lidar com outros problemas cardiovasculares, como infarto, AVC e angina.
Os perigos com relação à pressão alta se tornam ainda maiores porque, normalmente, os sinais só são emitidos em estágios avançados. Por esse motivo, é sempre importante fazer check-up médico para avaliar a saúde.
Lembre-se de que, em situações de estresse, a liberação da adrenalina eleva a pressão arterial e o ritmo do batimento cardíaco. Quando a condição é prolongada, o seu corpo pode não conseguir manter a pressão e o ritmo cardíaco normalizado.
Transtornos mentais
Outro risco em casos de descontrole do estresse é o surgimento de transtornos mentais. Entre eles estão ansiedade, síndrome do pânico, esquizofrenia e depressão. Essas patologias estão associadas a diversos fatores, principalmente à genética. Então, se você tiver casos próximos na família, é fundamental redobrar os cuidados.
Insônia
A insônia pode colaborar para o surgimento do estresse, ser um dos sintomas ou uma das consequências. O motivo disso é que a dificuldade de descansar a mente, que constantemente se enche de pensamentos adversos, atrapalha o momento do sono.
Isso é ocasionado pelo hormônio cortisol, que também é responsável pelo aumento da pressão arterial. Se você já passou por alguma noite de insônia, sabe como interfere no humor, na produtividade e na disposição. A médio e longo prazo, esse problema também compromete a imunidade e eleva o risco de doenças.
Problemas digestivos
O surgimento de problemas digestivos nem sempre é associado ao estresse. No entanto, a maior produção dos hormônios associados ao estresse aumenta a sensibilidade no estômago. Diante disso, a região fica mais suscetível a problemas como refluxo, gastrite, colites, diarreia e muitos outros.
Como tratar o estresse?
Após entender os riscos de não tratar o estresse, é indispensável conhecer maneiras de lidar com o problema para que ele não prejudique mais a sua saúde física e mental. Portanto, acompanhe as dicas a seguir!
Faça atividades físicas
A prática de atividades físicas regularmente libera hormônios associados ao bem-estar, como a endorfina. Sendo assim, é mais difícil o estresse derrubar você. É como se essa substância brigasse com as demais associadas ao problema. Então, elas mantêm distantes os momentos estressantes.
Defina limites
É preciso reconhecer que nem sempre é possível. Entretanto, é importante definir limites tanto na vida pessoal como na profissional para que você não se sobrecarregue e, desse modo, sinta o estresse. Lembre-se: se custar a sua paz de espírito, já custou caro demais.
Tire tempo para o lazer
Com a correria do dia a dia, nem sempre sobra tempo para praticar algum hobby, não é verdade? Porém, quanto mais você fica sem essas atividades, mais o seu corpo e a sua mente podem se sobrecarregar de estresse. Portanto, inclua pequenas atividades prazerosas no seu dia a dia.
Alimente-se corretamente
Uma alimentação saudável também é capaz de manter o estresse controlado, já que muitos alimentos liberam substâncias que trazem sensação de felicidade.
Comidas saudáveis também são benéficas para a disposição, a memória, a qualidade do sono, a produtividade e outros aspectos. Tudo isso contribui para relaxar o corpo e a mente. Então, aposte em um consumo adequado e equilibrado de fibras e vitaminas, por exemplo.
Ao longo da leitura, você aprendeu o que é estresse, sintomas, causas, consequências, tratamento e muito mais. Também entendeu a importância de manter o problema sob controle para evitar comprometimentos na saúde física e mental. Agora, coloque as dicas e as informações em prática para ter mais qualidade de vida.
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