O Brasil é o país com a maior taxa de transtorno de ansiedade do mundo. Você sabia? É o que mostra uma pesquisa divulgada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em maio de 2020, logo nos primeiros meses da pandemia de Covid-19. O contexto difícil acabou piorando um cenário que já era alarmante.
Esse problema pode atingir qualquer pessoa e ocasionar diversos sintomas e consequências. No entanto, ele é mais presente em mulheres, por causa de uma série de fatores culturais e biológicos. Por exemplo, menopausa, ciclo menstrual e gravidez, que podem trazer alterações hormonais e impulsionar a ansiedade.
Já quando o transtorno afeta os homens, é comum uma maior resistência na procura por assistência médica. Esse fator também pode ter relação com o menor número de diagnósticos entre o sexo masculino. Seja como for, a condição pode atrapalhar o dia a dia das pessoas e trazer sérios prejuízos à qualidade de vida.
Diante disso, é fundamental entender mais sobre a ansiedade, quais são as causas e os tratamentos disponíveis para conseguir lidar melhor com o problema. Portanto, continue a leitura e confira tudo o que você precisa saber!
O que é a ansiedade?
É possível que você já tenha sentido ansiedade em momentos específicos da sua vida. Pode ocorrer ao sair na rua e achar que vai sofrer um assalto, durante falas em público, na espera por notícias importantes etc. No geral, tudo isso costuma ser caracterizado pela aceleração nos batimentos cardíacos e pelo suor excessivo, tal qual uma sensação de medo.
Esse tipo de resposta, proporcional à situação vivida e que possibilita reações ao acontecimento, é normal quando ocorre esporadicamente. No entanto, quando surge com mais intensidade e até mesmo com certa frequência, ela pode se tornar crônica e ser considerada uma doença.
Isso leva ao que chamamos de transtorno de ansiedade generalizada (TAG). Mas existem outros problemas de saúde associados à ansiedade. É o caso das fobias, da síndrome do pânico, da ansiedade social, do estresse pós-traumático e do transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).
Quais são os sintomas da ansiedade?
Como explicamos, é normal ter ansiedade em situações específicas do dia a dia e que naturalmente causam tensões. Contudo, o transtorno de ansiedade é diferente disso. Para entender melhor, é importante conhecer os sintomas desse problema, os quais variam de pessoa para pessoa. Veja os principais.
Medo constante
Situações conflitantes ocorrem todos os dias e a qualquer momento. No entanto, elas não afetam todo mundo o tempo todo. Logo, não é saudável nem racional viver com medo constante. Sentir-se dessa forma é um dos principais sintomas da ansiedade.
A intensidade e o gatilho da ansiedade variam muito. Algumas pessoas podem ter medo constante de perder o emprego, outras de morrer ou de perder alguém da família, por exemplo.
Problemas com o sono
O transtorno de ansiedade também costuma causar dificuldade para dormir, já que os pensamentos dificilmente são desligados. É possível repeti-los na mente por dias e horas, o que afasta o relaxamento e, consequentemente, o sono.
Isso pode ocorrer por problemas cotidianos, como a preocupação com as demandas a serem entregues no dia seguinte, ou por questões mais graves, como ter um familiar doente. Além disso, mesmo que a pessoa durma, é comum que apresente sensação de cansaço, pesadelo, sono leve e tensões musculares ao acordar.
Dificuldade de socialização
Conforme mencionamos, um dos tipos de ansiedade é a social. Nesse caso, só a ideia de que será preciso interagir com muitas pessoas ao mesmo tempo, principalmente desconhecidas, já é o bastante para causar mal-estar psicológico ou físico.
Eles consistem em suor excessivo, enjoo e até diarreia. Por esse motivo, é comum que as pessoas prefiram evitar interações sempre que há algum evento social.
Fadiga extrema
É natural que as pessoas se sintam cansadas em algum momento, o que pode ser mais ou menos intenso de acordo com as atividades que cada uma exerce. No entanto, quando essa situação surge de forma excessiva e a ponto de dificultar a realização de tarefas, é possível que se trate de um sintoma da ansiedade.
A principal explicação para isso é que o pensamento negativo em torno do que deve ser feito ao longo do dia pode trazer consequências. Ele gera uma sensação de sobrecarga e esgotamento mental. Isto é, a mente não sabe por onde iniciar as demandas e prefere adiar a realização de todas elas.
Uma das principais consequências desse problema é o início de quadros depressivos. Isso porque existe uma sensação de que os problemas não são resolvidos, e o indivíduo fica preso a um círculo vicioso.
Estresse
O estresse é caracterizado por uma pressão emocional diante de situações adversas, principalmente aquelas sobre as quais o indivíduo não tem controle. Então, é natural que o estresse se manifeste em momentos de ansiedade, o que intensifica os incômodos psicológicos e até físicos, como dor de cabeça, tensão muscular e fadiga. Da mesma maneira, conflitos estressantes podem servir como gatilho para a ansiedade.
Perfeccionismo
A pessoa perfeccionista costuma ter um padrão muito elevado de metas e objetivos. Ao não atingir o patamar estabelecido, geralmente ela experimenta um forte sentimento de ansiedade e que pode gerar um quadro de insatisfação crônica. Assim, é necessário buscar ajuda para atenuar o problema.
Tensões musculares
Como dito, a ansiedade costuma causar problemas físicos. Isso porque a mente lida com muitas tensões e pensamentos conflitantes, que podem sobrecarregar o indivíduo. Então, é comum que tensões musculares apareçam, principalmente nos ombros, nas costas e na nuca.
Mania de roer unha
Uma das principais razões para alguém roer as unhas é a ansiedade, mas também pode ter a ver com o estresse e os altos níveis de adrenalina. Seja como for, trata-se de um hábito prejudicial, já que a unha é responsável por proteger a pele. A mania ainda pode levar germes e bactérias para dentro do organismo, o que torna o corpo mais suscetível a infecções.
Problemas digestivos
Outro sintoma físico da ansiedade é o problema digestivo. Por isso são tão comuns as dores de barriga em momentos de tensão, como antes de apresentar um trabalho em público. A explicação para essa reação é que o cérebro tem forte ligação com o intestino.
Logo, a ansiedade pode causar dores abdominais, azia, diarreia e má digestão. Dependendo da intensidade dessa condição, outros possíveis problemas são úlceras, síndrome do intestino irritável e refluxo gastroesofágico.
Apetite desregulado
Há uma forte relação entre ansiedade e compulsão alimentar, em que as pessoas comem de forma exagerada e mesmo que já estejam saciadas. A preocupação maior ocorre se houver pouca mastigação do alimento e ingestão em pouco tempo.
Por outro lado, também existem pessoas que perdem o apetite em momentos de ansiedade. Isso porque a preocupação é elevada a ponto de fazê-las esquecer a necessidade de se alimentar.
Inquietação constante
Pessoas em momentos de ansiedade tendem a ficar muito inquietas e ter dificuldade para se concentrar. Assim, torna-se mais difícil concluir pensamentos e tarefas. Problemas como esses costumam ser incômodos também para quem está em volta, por toda a atmosfera de inquietação que se forma.
Pensamentos obsessivos
A ansiedade muitas vezes se caracteriza pela dificuldade de controlar pensamentos obsessivos e que, normalmente, não fazem bem para a pessoa. Eles podem ser episódios de situações conflitantes ocorridas ou não.
Seja como for, é possível que esse comportamento também se associe a outros problemas de saúde mental. Entre eles, depressão, transtorno bipolar, TOC, síndrome do pânico e distimia.
Medos irracionais
Outro sintoma de ansiedade é o excesso de medo e por motivos irracionais, o que pode incluir o medo de ficar sozinho, medo de errar, medo de fracassar etc. Tudo isso contribui para criar cenários imaginários na mente que geram angústia em um grau que dificulta as relações sociais e o cumprimento das responsabilidades, como o trabalho.
O que pode causar ansiedade?
Após conhecer os principais sintomas da ansiedade, o passo seguinte é descobrir as razões mais comuns que explicam esse transtorno. Desde já, saiba que muitas das causas por trás desse transtorno são desconhecidas, embora alguns estudos já tenham avançado para trazê-las à tona. Acompanhe!
Fatores biológicos
Quando ocorrem alterações em áreas específicas do cérebro e em neurotransmissores, é possível que o indivíduo tenha ansiedade. Isso porque essas partes cerebrais estão ligadas à liberação tanto de hormônios do bem-estar e do relaxamento como da adrenalina, liberada em situações adversas e que contribui para manter o corpo em alerta constante.
Fatores ambientais
O gatilho da ansiedade pode ser ativado pelo ambiente em que a pessoa foi criada, pelo local onde ela estuda, pelo emprego que ela tem etc. Afinal, essas são situações que podem envolver problemas familiares, como pais abusivos, narcisistas, super protetores e com outras características que geram tensões nos filhos.
Também existe a possibilidade de os próprios pais se sentirem sobrecarregados e ansiosos com as demandas existentes em casa. Outros fatores muito comuns são os problemas financeiros e o medo de desemprego, o que costuma causar preocupações e medos frequentes.
Fatores psicológicos
Normalmente, os fatores psicológicos estão associados a problemas traumáticos do passado que causam ansiedade e medo de que voltem a acontecer. Podem ser assaltos, discussões familiares, problemas no relacionamento etc.
Diante dessas circunstâncias, o indivíduo pode permanecer em constante estado de alerta, na ansiedade de que situações como as já vividas retornem. Além disso, há o risco de ele desenvolver paranoias e pânico por coisas que nunca aconteceram.
Algumas doenças crônicas, doenças de alta gravidade ou que são necessárias um longo ou permanente tratamento também são gatilhos. Ainda existem medicações que podem vir a ser causadoras de sintamos de ansiedade – caso perceba algum sintoma após iniciar o tratamento, comunique o seu médico.
Outro ponto que precisa entrar na lista é o uso excessivo de dispositivos móveis ou de redes sociais. Esse hábito tende a ocasionar uma dependência das informações obtidas com essa tecnologia e a sensação de que algo será perdido caso não haja conexão e publicação constantes.
Quais são os principais gatilhos da ansiedade?
Os gatilhos de ansiedade podem ser entendidos como os fatores que disparam uma alerta em alguém. Comentários de terceiros, mensagens ou ligações, postagens nas redes sociais e atitudes de desconhecidos são alguns exemplos. Todos esses fatores podem despertar lembranças ruins e que são vistas como sensíveis.
Apesar de o contato com tais gatilhos provocar ansiedade, nem sempre é fácil identificar quais são eles. O motivo é que nem sempre os fatores são notados e, algumas vezes, são confundidos com outros problemas. Então, é importante investir na auto-observação para que você descubra o que pode ter causado a sua mudança de humor repentina.
O que fazer para aliviar a ansiedade?
Diante dos mais variados gatilhos de ansiedade, é importante procurar soluções para o problema. Nesse sentido, é indispensável contar com o atendimento psicológico e, algumas vezes, com o psiquiátrico. Esses profissionais são os mais indicados para diagnosticar e, posteriormente, propor qualquer tratamento.
A seguir, veja as práticas mais recomendadas para amenizar a ansiedade.
Tomar medicamentos de farmácia ou naturais
A partir da consulta com profissionais especialistas, é possível que você receba a recomendação de medicamentos para ajudar a diminuir os sintomas. Esses medicamentos precisam de receita médica e acompanhamento. Além disso, eles começam a fazer efeito de duas a quatro semanas.
Medicamentos fitoterápicos podem ser bem-vindos para tentar atenuar os sintomas e controlar a ansiedade. Também existem alguns chás calmantes como o de camomila que além de auxiliar no relaxamento, possui controle do sistema nervoso e digestivo.
Usar técnicas de respiração
As técnicas de respiração são especialmente válidas no caso de crises de ansiedade de leve a moderadas. Para esses quadros, existem diferentes tipos de técnicas:
- quadrada — que se reveza entre ações e pausas, como a inspiração e a expiração lenta contando até 3;
- expiração alongada — é necessário expirar por muito mais tempo do que na inspiração;
- alternando as narinas — como o próprio nome sugere, a ideia é inspirar com uma narina de cada vez e expirar pela outra;
- contração do diafragma — a respiração é focada no diafragma, e não no peito, para que os músculos possam relaxar e favorecer a circulação sanguínea.
Praticar atividade física regularmente
A prática de atividades físicas regulares eleva a sensação de bem-estar, já que libera hormônios relacionados ao relaxamento e à felicidade. Consequentemente, você fica com mais disposição para trabalhar e realizar as demais atividades cotidianas.
Esse hábito também contribui com os sistemas cardiovascular e imunológico — uma vez que previne a obesidade, condição que afeta as células do sistema imune. Assim, acaba afastando as consequências que muitas vezes são trazidas pela ansiedade, como tensões musculares.
Para ficar mais fácil seguir uma rotina, escolha uma atividade física que você sinta prazer de realizar. Natação, corrida, caminhada, dança e esportes coletivos em geral são excelentes opções. Também é fundamental consultar profissionais da saúde para uma recomendação do que é indicado para as suas necessidades.
Exprimir as emoções
Acumular emoções constantemente e por muito tempo tende a ocasionar estresse e ansiedade. Por sua vez, ao colocá-las para fora, é comum que a sensação pareça menos grave e intensa. Isso porque, muitas vezes, a ansiedade é fruto de situações irreais.
Então, você pode exprimir as emoções como for mais conveniente: desde as formas mais intensas (como gritar, chorar ou conversar com alguém de confiança) até as mais sutis (como desenhar, pintar ou escrever). O importante é cuidar da sua saúde mental.
Tentar descansar a mente
Todos os dias a mente recebe inúmeras informações, principalmente por causa do celular e do computador conectados à internet. Mesmo que essa hiperconexão seja importante para se atualizar e para aumentar a sensação de pertencimento, ela também pode dificultar o desligamento da mente.
Como resultado, fica mais difícil relaxar, manter a calma e a racionalidade diante de situações adversas. Nesse contexto, o indivíduo está mais propenso a ter insônia e crises de ansiedade.
Sendo assim, a recomendação é tentar descansar a mente em momentos específicos do dia, principalmente próximo ao horário de dormir. Uma boa medida nesse sentido é se afastar do celular, do computador e da televisão.
Essa mesma dica é válida durante a realização de outras atividades, como trabalhos, estudos e até interações sociais. Ou seja, deve-se evitar as olhadinhas nas notificações no celular para que a mente mantenha o máximo de atenção no momento presente. Funciona para afastar preocupações excessivas com o futuro e que geram ansiedade.
Buscar acompanhamento profissional
Como dito, o acompanhamento de um profissional especializado é fundamental para que o paciente receba o tratamento adequado contra o problema. Afinal, muitos casos podem precisar da prescrição de medicamentos para o controle da ansiedade.
De todo modo, o diálogo com o profissional contribui para que o paciente consiga gerenciar melhor as próprias emoções, entender os gatilhos por trás da ansiedade e muito mais. De maneira geral, isso é útil para um maior foco no momento presente, em vez de preocupações de médio e longo prazo.
Ter atividades de lazer
Atividades de lazer são fundamentais para que a mente relaxe e consiga enxergar a realidade de uma forma mais positiva. Caso contrário, torna-se mais fácil se prender a pensamentos negativos e ansiosos, que direcionam a mente para uma realidade mais conflitante.
Os momentos de lazer estimulam a produção de serotonina, responsável pela regulação do humor e pela maior sensação de bem-estar. Assim, considere inserir um hobby divertido na sua rotina para torná-la mais leve e prazerosa.
Vale incluir leituras antes de dormir, assistir a séries nos intervalos das atividades, e por aí vai. Naturalmente, existem pessoas com um dia a dia mais corrido do que outras. Nesses casos, uma opção interessante é ouvir música enquanto volta do trabalho ou realiza atividades domésticas, por exemplo.
Também é válido passar mais momentos com amigos e familiares, quando possível. Essas interações muitas vezes são deixadas de lado na correria da vida adulta. No entanto, elas podem ajudar a enxergar a vida de modo mais leve e a afastar pensamentos ansiosos e angustiantes.
Cuidar da alimentação
Manter uma alimentação saudável contribui para o fortalecimento do sistema imunológico e o afastamento de doenças. Esse aspecto, por si só, é benéfico para que o paciente tenha mais segurança e controle a ansiedade.
Como é feito o diagnóstico da ansiedade?
Como dissemos no início deste guia, o transtorno de ansiedade difere da ansiedade normal e corriqueira, percebida em situações que já tendem a causar tensões. Então, é preciso que profissionais especializados realizem o diagnóstico.
Para tanto, é necessário certo tempo de avaliação, o que também é importante para identificar a gravidade da situação e o tipo de ansiedade. Por razões como essas, é recomendado que você procure ajuda desde cedo e não espere o quadro piorar para iniciar o tratamento. Essa demora pode dificultar a resolução.
Quais são os tipos de transtornos de ansiedade?
Como você reparou, o diagnóstico da ansiedade pode envolver mais de um tipo desse problema. A identificação depende principalmente dos sintomas existentes. Conheça os principais a seguir:
- fobia social — caracteriza-se por um medo extremo de precisar estar em público e com desconhecidos em festas, reuniões ou qualquer outro tipo de encontro, levando a pessoa a se isolar com frequência;
- TAG — trata-se do quadro de ansiedade mais comum, cujos sintomas normalmente são cansaço, dificuldade para se concentrar (já que a mente pouco se desliga), irritação e inquietação;
- síndrome do pânico — é o quadro evoluído da ansiedade, em que os pacientes têm falta de ar, taquicardia, sensação de iminência de morte etc.
Ansiedade tem cura?
Existem diversas estratégias de tratamento para a ansiedade que contribuem para o paciente lidar com esse problema de modo mais saudável, sendo possível gerenciar melhor as emoções e controlar os pensamentos.
No entanto, não se pode dizer que a ansiedade tem cura. Afinal, podem surgir gatilhos que causem desconforto no indivíduo a ponto de desenvolver crises. Considere também que o abandono das medicações, nos casos em que essa alternativa é necessária, pode comprometer o tratamento e favorecer as recaídas.
Diante disso, reforçamos a importância de manter um acompanhamento contínuo com um profissional especializado para controlar a ansiedade. Contar com esse suporte ajuda a melhorar a qualidade de vida e a ter um melhor domínio da doença.
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